Abstract In the upper Paraná River floodplain, the populations of Salminus brasiliensis have been subjected to several anthropic impacts, such as overfishing, the blocking of migratory routes by dams, and regulation of the flood regime. Its populations have disappeared or become depleted in most rivers in this basin. These populations are the target of protection measures aimed at restoring them. This study evaluated the abundance of this species in the upper Paraná River floodplain over a 26-year time series in sites under different degrees of protection. Despite the overall decrease in the abundance of S. brasiliensis across the region, the less impacted sites have higher abundances and exhibited a slower decline in the probability of occurrence. Over time, populations in less impacted sites also exhibited improved fish condition. Some protected areas in the upper Paraná River have had a mitigation effect by lowering the velocity of population decline and representing a constant source of propagule production for other areas. Our results reinforce the notion that populations threatened with low abundances take a long time to effectively recover their stocks. Thus, besides evaluating species conservation strategies, long-term studies are essential to subsidize management measures, such as fisheries regulations.

Resumo Na planície de inundação do alto rio Paraná, as populações de Salminus brasiliensis têm sido submetidas a diversos impactos antrópicos, como sobrepesca, bloqueio de suas rotas migratórias por barragens e regulação do regime de cheias. Essas populações desapareceram ou se esgotaram na maioria dos rios dessa bacia, sendo alvo de medidas de proteção para restaurá-las. O objetivo deste trabalho foi avaliar a abundância da espécie na planície de inundação do alto rio Paraná ao longo da série temporal de 26 anos em locais sob diferentes graus de proteção. Apesar da diminuição geral na abundância de S. brasiliensis em toda a região, os locais menos impactados possuem maiores abundâncias e exibiram um declínio mais lento na probabilidade de ocorrência. Com o tempo, as populações em locais menos impactados apresentaram aumento na condição dos peixes. Algumas áreas de proteção no alto rio Paraná têm efeito mitigador, diminuindo a velocidade de declínio populacional, representando fonte de propágulos para as demais áreas. Nossos resultados reforçam a ideia de que populações ameaçadas com baixas abundâncias levam muito tempo para recuperar seus estoques. Assim, além de avaliar as estratégias de conservação das espécies, estudos de longo prazo são essenciais para subsidiar medidas de manejo, como a regulamentação da pesca.

Resumo: Objetivo Nós avaliamos as interações de predação entre Moenkhausia sanctaefilomenae e algas perifíticas, na presença ou não de um consumidor intermediário (zooplâncton). Nós testamos as seguintes hipóteses através de um experimento em microcosmos: 1) peixes consomem zooplâncton quando disponível, reduzindo o consumo de algas e aumentando a biomassa algal; 2) peixes consomem as mesmas espécies de algas na presença ou ausência de zooplâncton; 3) espécies do perfil inferior da matriz perifítica são menos consumidas; 4) não há diferença no aninhamento das redes entre os tratamentos, mas a rede no tratamento com zooplâncton é modular; 5) o tratamento com zooplâncton apresenta maior diversidade, equitabilidade e especialização das interações. Métodos Os microcosmos foram separados em três tratamentos, controle (ausência de herbívoros), T1 com algas perifíticas e peixes, e T2 com algas perifíticas, peixes e zooplâncton. Após sete dias de experimento, os conteúdos dos estômagos foram analisados e classificados de acordo com o perfil ocupado pelas algas na matriz perifítica. Nós também usamos análises de rede em nível de indivíduo para investigar as diferenças na dieta dos peixes entre tratamentos. Resultados A dieta dos peixes não diferiu entre as redes alimentares na presença ou ausência de zooplâncton. Eles se alimentaram mais de algas do perfil médio, que também predominaram no controle. Os principais itens alimentares foram as diatomáceas Ulnaria ulna e Achnanthidium minutissimum. Os resultados das redes de interação demonstraram que os dois tratamentos apresentaram modularidade de rede, e que T2 apresentou rede aninhada, além de maior equitabilidade e diversidade de interações, e menor especialização de interações. Conclusões Moenkhausia sanctaefilomenae pode aproveitar um recurso mais abundante e a presença ou não de zooplâncton não alterou a interação de herbivoria. Considerando padrões individuais de rede, os indivíduos de peixes demonstraram diferenças entre os tratamentos no modo em que compartilham recursos, com a presença de indivíduos generalistas e especialistas e distinta distribuição e diversidade de interações na presença de zooplâncton.

Abstract: Aim We evaluated the predation interactions between Moenkhausia sanctaefilomenae and periphytic algae, in the presence or absence of an intermediate consumer (zooplankton). We tested the following hypotheses using a microcosms experiment: 1) fish consume zooplankton when available, therefore reducing algae consumption and increasing algal biomass; 2) fish consume the same algal species in the presence or absence of zooplankton; 3) species from the low-profile of the periphytic algal matrix are less consumed; 4) there is no difference in the nestedness of the networks between treatments, but the network in the treatment with zooplankton is modular; 5) the treatment with zooplankton shows higher interaction diversity, evenness and specialization degree. Methods The microcosms were separated in three treatments, control (no herbivores), T1 with periphytic algae and fish, and T2 with periphytic algae, fish and zooplankton. After seven days of experiment, the stomach contents were analyzed and quantified according to the algal profiles of the periphytic matrix. We also used the individual-resource network to investigate the differences in the individuals’ diet preferences between treatments. Results The fish diet did not differ between food webs with zooplankton presence or absence. They fed more on the algal medium profile, which also predominated in the control. The main food items were the diatoms Ulnaria ulna and Achnanthidium minutissimum. The interaction network results showed that the two treatments presented network modularity, and T2 (with zooplankton) presented nested network, in addition to showing greater interaction diversity and evenness, and less specialization of interactions. Conclusions Moenkhausia sanctaefilomenae can take advantage of a more abundant resource, and the presence or not of zooplankton did not alter the herbivory interaction. Considering the individual-resource network patterns, individuals of fish showed differences in how they share resources between treatments, with presence of opportunistic and selective individuals, and distinct distribution and diversity of interactions in the presence of zooplankton.

La región Neotropical exhibe la mayor diversidad de peces en todo el mundo. Sin embargo, poco se sabe sobre el desarrollo temprano de las especies de peces de esta región. Para contribuir a este conocimiento, este estudio tuvo como objetivo describir morfológicamente las primeras etapas de desarrollo (huevos, larvas y juveniles) de S. pappaterra usando rasgos morfométricos y merísticos. Además de evaluar los cambios en las tasas de crecimiento en el desarrollo larval y juvenil, mediante el análisis de las relaciones entre los diferentes rasgos morfométricos utilizando modelos de regresión analíticos. Tanto los individuos juveniles y adultos con crías de incubación bucal se recogieron a lo largo de las cuencas de los ríos Cuiabá y Manso en el estado de Mato Grosso, Brasil, entre marzo 2000 y marzo 2004. Después de identificar los adultos, las crías se clasificaron de acuerdo a su etapa (embrionaria, período larval o juvenil), y diversas variables morfométricas y merísticas se midieron de forma individual (cuando fue posible). Los huevos de esta especie son de color amarillo, ovalados, muestran pigmentación dendrítica dentro de su yema, tienen espacios perivitelinos de tamaño pequeño a moderado y carecen de una membrana mucosa y gotas de aceite. Los diámetros horizontales y verticales de las yemas oscilaron entre 1.43-2.70mm y 1.05-1.68mm, respectivamente. La longitud estándar del período larval varió de 4.30-7.16mm, y la longitud estándar del período juvenil varió entre 10.29-24.57mm. Las larvas exhibieron sacos vitelinos con pigmentación dendrítica interna y pigmentación puntiforme oscura en las regiones dorsal y ventral del cuerpo, mientras que se observaron manchas transversales irregulares a lo largo de los flancos durante el periodo juvenil. Órganos adhesivos solo estan presentes durante la etapa de saco vitelino y al comienzo de la etapa de flexión. La boca es terminal durante todas las etapas de desarrollo. El número de miomeros varió entre 22 y 29 (9 a 16 pre-anal y 10 a 16 post-anal), y los números máximos de radios de las aletas y espinas fueron los siguientes: dorsal, XVI+10; anal, IV+8; pectoral, 16; y pélvica, I+8. El análisis del crecimiento identificó periodos de cambios importantes en la morfología larval (es decir, la metamorfosis), especialmente durante las etapas de flexión y post-flexión y en los juveniles. Por lo tanto, el desarrollo morfológico de S. pappaterra es consistente con las exigencias ecológicas de esta especie, que se encuentran principalmente en ambientes de estructura léntica con macrófitos acuáticos.

The Neotropical region exhibits the largest diversity of fish worldwide; however, little is known about the early development of fish species from this region. Therefore, to contribute to this knowledge, this study aimed to morphologically describe the early stages of development (eggs, larvae and juveniles) of S. pappaterra using morphometric and meristic traits, and to assess changes in growth rates throughout larval and juvenile development by analyzing the relationships between various morphometric traits using analytical regression models. Both juvenile and adult individuals with mouth-brooded offspring were collected along the basins of the Cuiabá and Manso Rivers in the state of Mato Grosso, Brazil between March 2000 and March 2004. After the adults were identified, the offspring were classified according to its stage (embryonic, larval or juvenile period), and various morphometric and meristic variables were individually measured (when possible). The eggs of this species are yellow in color, oval shaped, show dendritic pigmentation within their yolk, have small to moderately sized perivitelline spaces and lack a mucous membrane and oil droplets. The horizontal and vertical diameters of the sample yolks ranged from 1.43mm to 2.70mm and 1.05mm to 1.68mm, respectively. The standard length of the larval period varied from 4.30mm to 7.16mm, and the standard length of the juvenile period varied from 10.29mm to 24.57mm. Larvae exhibit yolk sacs with internal dendritic pigmentation and dark punctate pigmentation in the dorsal and ventral body regions, whereas irregular transverse spots along the flanks are observed during the juvenile period. Adhesive organs are only present during the yolk-sac stage and at the beginning of the flexion stage. The mouth is terminal during all stages of development. The myomere number varied from 22 to 29 (9 to 16 pre-anal and 10 to 16 post-anal), and the maximal numbers of fin rays and spines were as follows: dorsal, XVI+10; anal, IV+8; pectoral, 16; and pelvic, I+8. Growth analyses identified periods of important change in larval morphology (i.e., metamorphosis), particularly during the flexion and post-flexion stages and in juveniles. Therefore, the morphological development of S. pappaterra is consistent with the ecological requirements of this species, which primarily occurs in structured lentic environments with aquatic macrophytes. Rev. Biol. Trop. 63 (1): 139-153. Epub 2015 March 01.